Artes: muito além de pinturas e desenhos

Ensinar Artes na educação infantil vai muito além de pinturas e desenhos no papel. Os especialistas acreditam que se as escolas adotarem metodologias de ensino eficazes nesta área, esta disciplina tem muito a favorecer as habilidades e competências das crianças. No Instituto Educacional Casa Escola, por exemplo, um trabalho cuidadoso e responsável relacionado às artes é parte significante da filosofia de ensino. O resultado do esforço dedicado à matéria é mostrado em diferentes trabalhos que acontecem no decorrer do ano, quando os alunos da educação infantil muitas vezes expõem suas produções artísticas que englobam ainda aprendizados de outras áreas do conhecimento.

DivulgaçãoOrientados pela professora, crianças usam e abusam da criatividade na reutilização de folhas de jornais

Ao longo do trimestre, as professoras de cada turma buscam inspiração em artistas e desenvolvem caminhos diferentes para a abordagem, o que proporciona trabalhos únicos e ricos em conceitos para os estudantes. Desta vez o trabalho culminou em um Vernissage atual aborda o tema central mundial e também da escola voltado para a sustentabilidade, para, de acordo com a professora Ana Paula Cassimiro "incentivar as crianças a pensar de que forma elas podem cuidar bem do Planeta". Com base na releitura das obras de Romero Britto, Maurício de Sousa, Miró, Cândido Portinari, Tarsila do Amaral, Betty Bettiol, dentre outros grandes nomes da arte brasileira e mundial, os alunos, professores e visitantes além de apreciarem as obras da exposição refletem e criam possibilidades para o exercício da cidadania com responsabilidade numa perspectiva libertadora onde o consumo não tem vez.

De acordo com a professora de artes, Luciane Medeiros, este trabalho na educação infantil tem a proposta triangular baseada nas teorias da arte-educadora Ana Mae Barbosa, primeira brasileira doutora em arte-educação pela Universidade de Boston (EUA). "Acreditamos que arte é conhecimento, linguagem e expressão. Para explorarmos ao máximo suas possibilidades, nos baseamos em três eixos norteadores: o fazer artístico (produção artística), a leitura da obra de arte (crítica e estética) e a contextualização da obra de arte (História da arte)", detalha a professora. E ela ainda acrescenta que "a proposta de Artes da Casa Escola visa refinar os sentidos, expandir a imaginação e potencializar a aquisição do conhecimento. Os alunos desenvolvem formas sutis de pensar."

Ana Paula explica que as turmas realizam vários trabalhos para apresentação no Vernissage. Seus alunos, do grupo 5º ano, com cinco anos, em média, abusam da criatividade nas produções que mostram maneiras de reutilizar jornais, caixas de leite, garrafas PET e copos descartáveis. Um dos trabalhos da mostra envolve a pesquisa sobre a artista plástica Betty Bettiol, que utiliza formas geométricas nas suas pinturas. Os estudantes escolheram uma das obras e fizeram sua releitura no quadro da sala de aula, utilizando jornais que foram pintados para ilustrar o quadro da artista. Para aproveitar a pesquisa da turma sobre esporte, as crianças criaram um nadador 100% reciclável: o boneco e a água são compostos por jornal e as caixas de leite formam a borda da piscina. A explicação pode parecer mais um mero trabalho de colagem e pintura, mas o efeito estético alcançado, reunindo conteúdo e construção, serve para a contemplação e reflexão, assim como a Arte nos ensina.

Para a criançada, as produções são uma forma divertida e deixam lições para a vida toda. "Com esse trabalho vi que temos que cuidar do nosso Planeta. Se a gente não fizer nada, ele vai ficar cheio de lixo e as plantas não vão sobreviver", conclui Gabriel Alonso Oliveira, de 4 anos. 


Fonte: Tribuna do Norte