terça-feira, 1 de maio de 2012

Experiência eólica ganha prêmio

Canos de PVC simulam torres. Placas de ferros fazem as vezes de "cataventos". Roldanas, micromotores e um secador de cabelos somados à muito empenho e estudo renderam o prêmio internacional de iniciação científica a estudantes do ensino médio da rede pública de ensino de Umarizal, cidade distante 350 quilômetros de Natal. Os adolescentes Jonas Medeiros de Paiva, 15 anos, Marcondes Matheus de Morais Silva, 16 anos, e Flávia Kaline de Paiva Silva, 16 anos, conquistaram o primeiro lugar na Feira Internacional de Empreendedorismo Produtivo, Ciências e Cultura do Equador, com o projeto "Energia Eólica, energia do futuro". Os estudantes retornaram a Natal na tarde de ontem, após participarem da competição em Quito, com jovens cientistas do Brasil, Equador, Peru e Uruguai, realizada na última semana.
Rodrigo SenaAlunos da Escola Estadual 11 de Agosto mostram como funciona microusina de energia eólicaAlunos da Escola Estadual 11 de Agosto mostram como funciona microusina de energia eólica

O projeto de geração de energia eólica consiste em demonstrar, cientificamente, que a variação na quantidade e tamanhos de pás e torres, usados para a exploração da  energia dos ventos, influencia diretamente na produção.  O sistema testou combinações diferentes até chegar ao melhor desempenho. A microusina eólica, montada pelos alunos da Escola Estadual  11 de Agosto, chega a produzir 2 volts de potência, a partir da transformação de energia cinética em elétrica, se usados os equipamentos corretos.

O conhecimento é importante para o Rio Grande do Norte que até 2014 irá abrigar mais de 100 parques eólicos.  "Demonstramos a eficácia na produção. A relação da potencia do motor com o fluxo do vento reflete diretamente na capacidade de produzir mais ou menos energia", disse o jovem cientista Jonas Medeiros de Paiva. 

Filha de agricultores, Flavia Kaline conta que quando iniciaram o experimento, em setembro de 2010, havia descrença por parte de outros estudantes da escola, que agora passam a acreditar no potencial de bons projetos em escolas da rede pública. "Pensavam que estudantes da rede estadual não tinham vez. Mas trabalhamos duro, passávamos tarde e noite no laboratório e é gratificante ver o resultado", disse. A mãe, Francisca Lucia de Paiva Silva, confessa esperar o resultado pelo esforço da filha. "Ela sempre foi muito estudiosa, dedicada. Sei que terá um futuro brilhante", disse.

A iniciação científica ainda no ensino médio mudou as perspectivas de Marcondes Matheus, que aos 16 anos, sonha em cursar engenharia elétrica. "Quero me aprofundar nesta área, pesquisar, criar. É uma experiência única que todos os alunos devem ter na escola", disse.

O professor orientador José  Everton Pinheiro enfatizou a importância da pesquisa na formação escolar como meio de estimular e fortalecer a busca pelo conhecimento, também nas universidades. "Precisamos de mais cientistas e as escolas podem ser este celeiro", disse. A classificação,   para a secretária estadual de educação Betânia Ramalho, reforça a necessidade de reflexão sobre a escola pública. "O resultado demonstra a importância em  investir, estimular e aproveitar o aprendizado", destacou a  secretária.

Projetos de iniciação científica serão incentivados, como anunciou a diretora geral da Fapern Bernadete Cordeiro, na tarde de ontem. Até agosto, será lançado edital para o Programa de Ciência, Tecnologia e Inovação no Ensino Médio, que terá 10 grupos de trabalho em escolas públicas para produzir conhecimento especifico sobre potenciais econômicos e sociais de cada região do Estado.

 Além dos troféus, os estudantes receberam um prêmio de US$ 1,5 mil. O projeto venceu ainda as Feiras Estadual e Regional de Ciências, promovidas pela Universidade Federal Rural do Semiárido (Ufersa) e concorreu a Feira Brasileira de Ciencia e Enengenharia (Febrace) da USP. O  protótipo será publicado pela Fundação de Apoio e Pesquisa do Rio Grande do Norte (Fapern).




Fonte: tribuna do norte

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