domingo, 27 de maio de 2012

Gripe: a ordem é vacinar!

Isaac Ribeiro - repórter

É neste período do ano, quando o inverno já começa a se precipitar, e as pancadas de chuva dividem espaço com os dias quentes, que aumentam os casos de complicações respiratórias, entre eles, os de gripe, provocada pelo vírus Influenza e suas variações. Entre os principais alvos da doença estão os idosos a partir dos 60 anos, gestantes em qualquer fase da gravidez e crianças com idade entre seis meses e dois anos. Neles, o sistema imunológico está suscetível a ataques, seja por imaturidade de formação ou declínio motivado pelo passar do tempo.
Emanuel AmaralA maior preocupação são as complicações geradas pela gripe, que podem ir de uma sinusite até um quadro de pneumonia, dependendo do organismo de cada indivíduo.A maior preocupação são as complicações geradas pela gripe, que podem ir de uma sinusite até um quadro de pneumonia, dependendo do organismo de cada indivíduo.

A maior preocupação são as complicações geradas pela gripe, que podem ir de uma sinusite até  um quadro de pneumonia, dependendo do organismo de de cada indivíduo.

Na criança, por estar com o organismo em pleno desenvolvimento, incluindo aí as defesas, os cuidados são redobrados. Deve-se procurar o médico imediatamente ao sentir que seu filho menor de dois anos estiver com falta de ar, dores no peito, tontura, confusão mental, garganta inflamada, falta de ar, vômitos ou se recusar a ingerir líquidos.

Isso pode indicar que ele esteja com algo mais além de um simples resfriado ou gripe. O contágio pode ser através da tosse ou do espirro de outra pessoa infectada ou por objetos.

Este ano, o Rio Grande do Norte já notificou 18 casos de infecção por vírus respiratórios, sendo três confirmados de H1N1, com um óbito. O quadro é preocupante.

A forma mais segura de se prevenir contra o vírus da Influenza é a vacina. Todos do grupo considerado de risco devem ser vacinados. A campanha de vacinação do Governo Federal, que deveria ser encerrada na última sexta-feira, foi prorrogada para o próximo dia 1º de junho.

Vacinação é prorrogada

O objetivo do Ministério da Saúde com a prorrogação é aumentar o número de pessoas protegidas contra a doença, uma vez que a campanha não atingiu a meta de 80% vacinados. Segundo Juliana Araújo, subcoordenadora de Epidemiologia da Secretaria Estadual de Saúde (Sesap), até o fechamento desta edição o Rio Grande do Norte havia vacinado 61% do grupo considerado de risco: idosos a partir dos 60 anos, trabalhadores da área de saúde, crianças entre seis meses e dois anos, gestantes em qualquer fase da gravidez, povos indígenas e a população prisional. Segundo dados do Sistema de Informação do Programa de Imunizações, quem mais procurou por vacinação no nosso estado foram os idosos, seguidos por crianças, trabalhadores da saúde e as gestantes. "Se deixarmos os grupos prioritários descobertos, teremos uma vulnerabilidade maior; inclusive com mais casos de internação, mais pneumonia", comenta Juliana Araújo. Ela alerta às pessoas que se enquadram no perfil do público-alvo da vacinação que não deixem de procuram um posto de saúde até o dia 1º de junho, pois imunizando-se elas não desenvolverão a doença. "E as crianças são as mais suscetíveis, pois sua imunidade é baixa. E, além disso, neste período do ano aumenta muito a incidência de casos."     

Vacinar é fundamental

Apesar de as clínicas especializadas em imunização oferecerem a vacina contra gripe durante todo o ano, o ideal é os grupos de riscos aproveitarem o período de disponibilização na rede pública de saúde porque, além de ser gratuita, a vacinação antecede o inverno, ou período chuvoso, no caso do Nordeste, quando o vírus da Influenza circula mais.  

É o que informa e orienta a enfermeira Anne Marie Vaz de Oliveira, funcionária de uma clínica de imunização. Segundo ela, mesmo com a campanha oficial de vacinação ainda em andamento, a procura por vacina contra gripe é grande onde ela trabalha, principalmente no grupo de risco.

Segundo Anne Marie, é grande a movimentação de crianças menores de dois anos, levadas pelos pais; grávidas e idosos na clínica. "Quem não aparece muito para se vacinar são os jovens. Acho que é porque eles estão numa fase que foge do olhar dos pais, E por iniciativa própria eles não vão."

A vacina contra gripe em clínicas particulares custa cerca de R$60. E basta apenas uma dose para se imunizar - exceto no caso de crianças na faixa de seis meses a três anos, que nunca foram vacinadas. Nesse caso, são duas doses.

A enfermeira aproveita para esclarecer alguns mitos relacionados à vacina. "A reação é igual a de todas as outras; pode haver um pequeno desconforto local, algum quadro febril... Mas ela não causa gripe. Isso não existe. O que pode acontecer é a pessoa desenvolver uma reação por já estar com um processo virótico ao ser vacinado; um resfriado, por exemplo."

GRIPE E HOMEMOPATIA

Os homeopatas clássicos, os mais antigos, recusam a vacinação por entender se tratar ser ela uma prática causadora de vacinoses, ou seja, de doenças crônicas. Mas essa postura não é regra na homeopatia. As novas gerações, os mais modernos, aceitam as duas formas de tratamento, como informa o médico e professor universitário de Fitoterapia Jorge Boucinhas, homeopata e acupunturista. Ele confirma ser o Influenzinum um dos medicamentos homeopáticos mais utilizados para combater a gripe. Ele, porém, tem suas ressalvas. "Existem várias dinamizações. Ele é feito a partir de vírus; e como eles são mutáveis, o efeito é muito inconstante."

Jorge Boucinhas também comenta o uso de outros medicamentos, como o Oscillococcinum C200, também bastante procurado. Deve ser ingerida uma dose com cinco gotas ou cinco glóbulos, cinco vezes ao dia, durante cinco dias. "Deve-se tomá-lo logo aos primeiros sintomas, conseguindo com isso grandes chances de abortar a gripe."   

Mais comum mesmo, segundo Boucinhas, é tratar a gripe com os remédios sintomáticos, sendo mais comumente empregados: Allium sativum C5, Bryonia Alba C5, Veratrum album C5 e o Eupatorium Perfoliatum C5. "Todos com bons resultados", afere o médico, indicando ainda, entre os fitoterápicos, o clássico chá de alho com limão.

GRIPADOS NA CRECHE

Na creche Espaço Crescer, em Nova Parnamirim, praticamente metade das crianças está gripada, de acordo com a professora Maria do Socorro de Souza Silva, ela mesma com sintomas de virose. Todos os dias, é possível encontrar alunos com nariz escorrendo, com coriza, febre e reclamando de dor de cabeça. 

A professora comenta ser difícil controlar a situação pois quando uma criança chega gripada, logo transmite o problema para as outras, e assim por diante. A falta de compreensão de algumas mães também prejudica. Maria do Socorro comenta que muitas simplesmente não entendem ser a gripe uma doença e que, se não for curada corretamente, pode gerar um quadro bem mais grave.

"Os pais dizem que não têm com quem deixar os filhos. Aí, manda eles pra escola e passa a gripe para os outros. Com uma semana, todos estão doentes", diz a professora Socorro.

Ela comenta ser um dos pontos agravantes para a transmissão da gripe na creche onde trabalha o hábito comum em  crianças pequenas, na faixa de um a cinco anos, de levar qualquer objeto à boca. "Aí, quando a gente olha já está o outro com o brinquedo do amigo gripado na boca. É muito difícil controlar." Na opinião de Socorro, as mães não estão bem informadas sobre gripe e muito menos sobre a necessidade de vacinação. Apensar de não se negarem a receber o aluno gripado, as professoras recomendam deixar o filho em casa ao perceberem sintais de gripe.

Entrevista

Kléber Luiz, infectologista

- Por que algumas pessoas são mais vulneráveis à gripe do que outros?

Nós temos alguns indivíduos que são mais vulneráveis às doenças respiratórias. A gripe é, digamos, uma doença de segunda categoria; ninguém deverá morrer dessa doença. Mas nós temos algumas pessoas que, por terem imaturidade no sistema de defesa, não o amadureceu ainda, ou porque estão perdendo ou perderam  o   sistema de defesa, ou têm uma doença que suprime as defesas, podem adoecer. Explicando melhor: uma criança menor de dois anos tem uma imaturidade em vários sentidos. Ela não cresceu ainda e o sistema imunológico também não amadureceu. Então, ela fica vulnerável a ter uma doença grave. Quando vem um vírus desse, como o H1N1 ou o Influenza A ou B, ele vai causar um estrago muito grande. O idoso, principalmente quando ele está se aproximando dos oitenta anos, ele está perdendo. É o contrário da criança. Chama-se imunossenescência. O idoso perde o sistema imunológico e não consegue se defender do vírus. Mas se o indivíduo tiver uma doença que comprometa as defesas, por exemplo, aids, diabetes, se é obeso, se toma corticosteroides, se tem uma asma grave, tudo isso compromete as defesas. E também as grávidas, porque, durante a gestação, a mulher sofre um processo de perda de defesas. Então, esse grupo é prioritário para o adoecimento grave.

- E os povos indígenas?

Se for indígena de verdade... Se for um índio que realmente não tenha tido contato, isso é ruim. Mas não é só a falta do contato; é também a desnutrição que os índios sofrem. São povos bastante desnutridos. Mas ter tido contato repetido com esses vírus, dá um pouco de defesa. Por isso que quando a gente teve aquela pandemia de gripe do H1N1, os velhos quase não morreram, e mesmo nem adoeceram; isso porque eles já tinham tido contato com esses vírus no passado. 

- A situação complica no caso de creches, escolas. 

Realmente, tem muita gente gripada. Se for uma creche de crianças muito pequenas, aí pode complicar realmente. Nós tivemos agora, recentemente, em um hospital privado da cidade, duas crianças com doença viral que complicou mesmo. Elas foram, inclusive, para a UTI.

- As mães estão realmente informadas e conscientes dos riscos da gripe em seus filhos pequenos? Algumas levam os filhos gripados para a aula e contaminam os outros...

Isso é uma verdade. Mas a transmissão pode se fazer antes do adoecer. E nem sempre quando a criança adoece com febre, com tosse, é um vírus respiratório. Pode ser uma faringite viral, uma sinusite viral. Se a mãe for deixar a criança sem ir à escola, pode gerar um problema para ela. Agora, realmente o ideal é se está gripado melhor não ir.  

- Mas concorda que ainda há muita desinformação dos pais?

Sem dúvida. Há muita desinformação por parte dos pais com relação aos vírus respiratórios. Normalmente, as pessoas subestimam a gravidade da doença. 

- Como é a evolução de uma gripe? Quais as características?

Você tem muita febre, muita dor no corpo e de cabeça; horas depois disso começar, inicia-se uma coriza, tosse, dor de garganta, os olhos podem ficar injetados, ou seja, avermelhados, a face pode ficar vermelha; e ao final de vinte e quatro horas, o quadro de tosse espirro e bem caracterizado. No segundo e terceiro dias, a febre vai diminuir e persistirá a tosse. No terceiro ou quarto dia, vem o cansaço, a falta de ar. Isso marca que o quadro está complicando. A criancinha não deverá estar cansando no terceiro, quarto dia. Deverá estar bem. Isso é sinal de complicação da doença. Outra coisa é se, no quinto dia, voltar a febre. E também uma secreção purulenta. No adulto também, se começar a escarrar pus é porque está complicando.     



Fonte: Tribuna do Norte

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