terça-feira, 8 de maio de 2012

O vale Verde do Ceará Mirim

No século XVII, quando os portugueses chegaram oficialmente ao Vale do Ceará-Mirim, os índios Potiguares, chefiados por Felipe Camarão (o índio Poty) já habitavam a localidade de Guajiru, as margens do Rio Pequeno, hoje Rio Ceará-Mirim. Logo após a saída dos padres jesuítas, os índios negociaram suas terras com os colonizadores portugueses, os quais utilizaram o trabalho escravo para desenvolverem a economia do lugar, através do plantio de cana-de-açúcar. O Vale prosperou e cresceu a partir da produção canavieira. Durante a fase patriarcal e escravocrata do açúcar, tornou-se referência de ostentação e de muito luxo, tendo seus senhores de engenhos possuindo carruagens forradas com seda e promovendo pomposas festas para a aristocracia nos salões dos seus Casarões. Por volta de 1760, Ceará-Mirim era conhecida por Boca da Mata, pertencente a Vila de Extremoz. Somente em 1882, a vila recebeu status de cidade, denominada Vila do Ceará-Mirim. De acordo com o historiador Luís da Câmara Cascudo, no livro Nomes da Terra (Sebo Vermelho Edições) a origem do nome da cidade é dada pela “Seara, várzea do Seara”, rio que tinha sua nascente entre Lajes e Angicos, atravessando os municípios de João Câmara e Taipu, despejando no mar na Barra de Inácio de Góis. A tradução do vocábulo “Ceará”, segundo o escritor José de Alencar é “fala ou canto do papagaio”. O município está localizado a 27 km de Natal, na região do Mato Grande. A cidade preserva alguns casarios do início do século XIX, construídos no auge da produção açucareira.


Um passeio histórico pela cidade e seus casarios


O Solar Antunes é um imponente casarão no centro da cidade, foi construído em 1888, em estilo colonial, pertenceu à família Antunes e foi doado por Rui Pereira Júnior, seu último herdeiro, para ser a sede da Prefeitura Municipal. A Matriz de Nossa Senhora da Conceição, iniciada pelo Frei Ibiapina, levou longos 40 anos para ser construída. Atualmente, a igreja é considerada um dos maiores templos religiosos do Rio Grande do Norte. O Mercado do Café, reformado pela Prefeitura Municipal, é o marco de uma economia ativa e próspera durante o ciclo canavieiro. Construído por volta de 1880, o mercado era um grande entreposto para a comercialização dos produtos da cana de açúcar (rapadura, mel, álcool, açúcar, melaço e aguardente). A Estação Ferroviária de Ceará-Mirim foi inaugurada em 1906, integrando a população cearamirinense com a capital do Estado. Nos seus vagões, o tem trazia novos comerciantes para a cidade e levava a produção do Vale para Natal. Para homenagear a cidade portuguesa de Vagos, co-irmã de Ceará-Mirim, foi constuída uma gôndula no Parque da Cidade, terminal turístico com uma infra-estrutura pronta para atender o visitante.


Roteiro turístico pelos engenhos


A paisagem bucólica, entre verdes canaviais, palmeiras imperiais e frondosas mangueiras, esconde verdadeiros tesouros históricos. Dezenas de Engenhos, alguns em ruínas e no completo abandono, outros intactos e preservados, formam a “Rota dos Engenhos”, projeto turístico da prefeitura de Ceará-Mirim. O Museu Nilo Pereira, antiga Casa Grande do Engenho Guaporé, construído em 1850, é de grande importância para a história do RN. Uma das razões é que abrigou o governador da Província, Vicente Inácio Pereira, por volta de 1860. Completamente entregue às traças e morcegos, o Museu Nilo Pereira pertence à Fundação José Augusto, que usa o lugar como depósito. Na propriedade onde existiu o Engenho Santa Theresa, cuja lembrança é uma enorme chaminé que resistiu ao tempo e permanece de pé, há uma nascente de água cristalina, chamada de “Banho das Escravas”. Como o nome sugere, era o local onde as escravas se banhavam e lavavam as roupas dos seus senhores. Algumas edificações estão completamente em ruínas, deixando a mostra suas paredes de tijolos duplos, expondo toda a imponência de outras épocas. O velho Engenho Carnaubal, o primeiro do Vale, construído em 1840, oferece ao visitante uma referência da grandeza da arquitetura usada pelos Barões do Açúcar. O engenho Ilha Bela, construído em 1888 pelo Coronel José Felix da Silveira Varela, também está em pleno estado de ruínas. A preservação do Patrimônio Histórico está garantida pela conservação de alguns engenhos, uns continuam fechados, mas outros, estão em pleno funcionamento. O Engenho Mucuripe, fundado em 1935 por Rui Pereira, o mais antigo em atividade na região, produz anualmente rapadura de boa qualidade, mel e açúcar mascavo. A Casa Grande do Engenho São Francisco, onde hoje funciona o escritório da Usina Açucareira do Vale do Ceará Mirim, foi residência do Barão do Ceará Mirim. Construído no final do século XVIII, em estilo colonial, o casarão resiste ao tempo e preserva seus traços da arquitetura portuguesa. Dentro de uma visão de interiorização do turismo e a diversificação de roteiros culturais, a “Rota dos Engenhos” é uma alternativa cultural, com gosto de aventura histórica, oferecida pelos verdes canaviais do Vale do Ceará-Mirim.

 

A Lenda de amor no Verde Nasce

A terra do Engenho Verde Nasce guarda uma das maiores curiosidades do Vale: o “Túmulo de Emma”. Uma construção onde foi sepultada uma inglesa chamada Emma. Conta a lenda do lugar, que o jovem Victor Barroca, filho do proprietário do engenho Verde Nasce, Marcelo Barroca, foi estudar na Inglaterra e casou-se com uma moça inglesa, vindo morar no engenho. Ao acompanhar o marido, vindo morar em Ceará Mirim, Emma não resistiu ao clima e faleceu em 1881 (data da lápide). Naquele tempo, a Igreja Católica não permitiu o sepultamento num cemitério, uma vez que a religião de Emma era Anglicana. Seu esposo mandou construir o túmulo no alto de uma colina, local onde o casal costumava passar as tardes observando o fim do dia, rendendo todas as homenagens possíveis.

Veja Algumas Fotos - Potiguar Noticias





 

Fonte e Fotos: Potiguar Noticias

2 comentários:

Unknown disse...

Se possível devemos levantar essa bandeira em pró do Rio Grande do Norte, nosso passado e nosso futuro estão correlacionados para um amanhã melhor, um estado completamente abandonado pela ignorância
(corrupta)e oportunistas dos seus fracos políticos. Sérgio Batista

Unknown disse...

Se possível devemos levantar essa bandeira em pró do Rio Grande do Norte, nosso passado e nosso futuro estão correlacionados para um amanhã melhor, um estado completamente abandonado pela ignorância
(corrupta)e oportunistas dos seus fracos políticos. Sérgio Batista

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