sábado, 9 de junho de 2012

Encontro debate crises alérgicas

Mudanças climáticas, como a que está em curso atualmente, são os piores inimigos para quem sofre com algum tipo de alergia. A saída do outono para o inverno sempre traz consigo problemas respiratórios e crises alérgicas para quem é sensível às mudanças de temperatura. O tratamento para estas crises e mais uma gama de assuntos relacionados à Dermatologia estão sendo discutidos em Natal por especialistas locais e nacionais. 
Júnior SantosKelly França, presidente da Associação Brasileira de Dermatologia no RNKelly França, presidente da Associação Brasileira de Dermatologia no RN

Estes e outros temas foram discutidos no 8º DermaNatal - Curso de Alergia Dermatológica e Dermatoses Ocupacionais da Sociedade Brasileira de Dermatoogia, que se encerra hoje no auditório do Hotel Pestana, na Via Costeira. 

O evento é uma jornada regional voltada para dermatologistas que discutiram a aplicação deste campo da Medicina no tratamento clínico de doenças. Além, claro, da parte estética, na cosmiatria (que consiste nos tratamentos com laser, toxina botulínica, peelings), além de doenças do cabelo e unhas.

A presidente da Associação Brasileira de Dermatologia no Rio Grande do Norte, a dermatologista Kelly França, explica os motivos pelos quais as mudanças climáticas pioram o estado dos pacientes e como o tratamento contra as crises deve ser feito. Além disso, ela dá uma boa notícia aos calvos que não se adaptam ao visual "carequinha". 

Estamos a poucos dias do inverno e a mudança climática já é sentida pelos portadores de algum tipo de alergia. Por quais razões as mudanças de estações do ano pioram o estado de saúde dos alérgicos?

Primeiro porque o inverno já propicia um maior ressecamento da pele, por conta da maior frequência dos banhos quentes. É importante sempre manter a hidratação da pele e a barreira cutânea íntegra. Evitar os contatos constantes com produtos que causam muita irritação na pele como sabões, detergentes, solventes. 

Qual a influência que a alimentação tem na saúde dos cabelos, da pele e das unhas?

Os alimentos, principalmente os ricos em antioxidantes, como verduras e frutas, eles ajudam a manter a pele livre desse lixo celular. É importante ter uma alimentação saudável, beber bastante líquido para manter as células em pleno funcionamento para hidratação da pele. E para evitar as alergias a algumas comidas, alimentos com menos poder antigênico, como o amendoim, nozes, morango, chocolate. Essas substâncias podem desencadear reações alérgicas tipo urticárias. Não são reações alérgicas de contato, mas sim ocasionadas pela ingestão destes alimentos que criam aquelas placas vermelhas pelo corpo que sempre incomodam.

Quais são os tipos de alergias mais comuns?

As alergias mais comuns são as de contato, principalmente as dermatites das donas de casa, que pegam muito em sabão. Hoje em dia, com esse boom da construção civil, há muitos casos de alergia devido ao contato com o cimento. E também tem a dermatite atópica, que é uma alergia que determinada pessoa tem tendência genética para desencadear. Elas são desencadeadas pelo suor e pelo contato com a pele. É importante evitar o contato com pelos de gatos, animais, isso faz com que as peles atópicas cocem menos. 

Como é possível identificar se uma pessoa tem ou não alergia a um produto ou animal? O teste alérgico ainda é a melhor forma de descobrir isto?


Nem sempre. Geralmente a história clínica e um exame físico norteiam muito o diagnóstico. Se a gente fica na dúvida a qual substância uma pessoa é alérgica, ela é submetida a um teste de contato. Existem muitas substâncias que não são identificadas na bateria padrão de testes de contato. 

Natal dispõe hoje do expertise necessário e dos equipamentos necessários para a identificação de tipos de alergias mais complexas?

Para alguns, sim. Mas ainda faltam outros que são mais elaborados e são feitos fora daqui.  Mas, para isto, o dermatologista e o alergologista estão aptos para colher o material e encaminhar para os centros de referência. Como a cidade é pequena, nem sempre dispomos de todo o aparato necessário para exames de laboratório. Mas nós dispomos sim, de profissionais bem qualificados que podem fazer uma boa anamnese e chegar a um diagnóstico correto sem precisar fazer tantos exames laboratoriais.  Para alergia, não se precisa de tantos exames.

O tratamento das alergias, assim como das demais doenças, não pode ser ao bel-prazer do paciente. Como deve ser feito o acompanhamento clínico de um alérgico? 

Para o tratamento das alergias nós temos os anti-histamínicos, que são os antialérgicos mais comuns, e nós temos os corticóides. Para sabermos qual droga será usada precisamos identificar qual tipo de alergia o indivíduo tem. A maioria destes remédios tem efeitos colaterais sérios, como os corticóides. Então devem ser usados com cautela, por um período de tempo curto e sempre guiado por um médico.

Por que os custos com tratamento  no Brasil ainda são tão elevados?

Vem muito das questões relacionadas aos impostos. Os medicamentos tem uma carga de impostos muito altas. Mas nós estamos buscando uma redução dos impostos principalmente nos protetores solares que a gente vê não como um produto cosmeático, mas de tratamento. O uso constante do protetor é para evitar o surgimento de cânceres de pele no futuro. A Associação Brasileira de Dermatologia luta muito frente ao Governo para reduzir os impostos. Em breve, veremos alguma coisa desse tipo.

Como é possível identificar a evolução de um problema de pele ou alergia?

Na verdade, é preciso procurar um médico dermatologista para a identificação do problema através de um exame clínico. A partir do exame é possível saber se aquela pinta tem características de malignidade, por exemplo. Quando existe alguma suspeita pedimos para retirar e encaminhamos para biópsia. Existe também a dermatoscopia que é tipo um um microscópio portátil que a gente utiliza em algumas lesões para identificar, antes de fazer uma biópsia, os elementos para saber se uma pinta é benigna ou maligna. 

As pesquisas científicas em dermatologia estão avançando?

Atualmente, as pesquisas com células-tronco estão numa fase bastante avançada. Elas estão sendo estudadas para a replicação de cabelos. Os pesquisadores retiram algumas amostras de cabelo do paciente e delas extraem as células tronco, replica em laboratório e injeta no couro cabeludo para tentar crescer os cabelos. Já foi feito, inclusive, testes em ratos. Aqui no Brasil já tem uma linha de pesquisa há dois anos em São Paulo e São José do Rio Preto. É uma coisa bem inovadora. Mas, como se trata de célula tronco, a gente não sabe o que pode acontecer no futuro. 


Fonte: Tribuna do Norte

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